Li “Janaína, Freixo e o Copacabana Palace” e, mesmo
sem ter visto o programa “Quebrando o Tabu” com Janaína e Freixo, enviei o link
de acesso ao texto para um amigo com quem venho tentando debater a respeito do
socialismo.
https://espacoacademico.wordpress.com/2019/08/19/janaina-freixo-e-o-copacabana-palace/
Tentativa infrutífera. Mas essa improdutividade não
deve ser atribuída a ele e sim à atividade da militância política que se
declara socialista e está constantemente imersa na luta política.
Por exemplo, meu amigo enxerga e critica as
semelhanças de relações políticas econômicas entre o capitalismo estatal chinês
e o lulismo, mas reivindica e assume o revisionismo como sua posição política
atual. Critica a burocracia stalinista e chega a parecer trotskista, melhor,
como militou em grupo trotskista ele é herdeiro dessa crítica à burocracia
stalinista, típica dos “estados operários degenerados”. Mas ele também é
herdeiro de outra crítica a essa burocracia stalinista e que é a dos
gramscianos. E assume posição crítica clara contra a ditadura do proletariado
de Marx e contra a vanguarda teorizada em o “Que Fazer?”. Ao mesmo tempo, considera
os movimentos de Mulheres, Negros e LGBTQ como próprios da pós-modernidade, mas
condenados à insignificância se não se articulam “com o novo proletariado,
oriundo da desindustrialização, que é o de Serviços: telemarketing,
supermercados etc.” para efetivar o “novo Bloco Histórico”.
Aparentemente é
o revisionismo atribuído a Eduard Bernstein aquele revisionismo que mais se
assemelha com essa configuração feita pelo meu amigo. Mas, ao mesmo tempo, ele
se quer crítico dos revisionistas chineses e dos lulistas que considera
seguidores desse revisionismo chinês. Pedi explicações sobre suas declarações,
mas ele nunca as dá. Penso que, talvez, exista muita dor presente num militante
gramsciano que se tornou trotskista e, em seguida, saindo do seu grupo trotskista
se aproximou de uma posição que se declarava partidária do “reformismo
revolucionário” e pretendia associar Rosa Luxemburgo, Leon Trotsky e Antonio
Gramsci na sua teoria e prática militantes. É um herdeiro dessas correntes
militantes revolucionárias que se assume revisionista e é crítico dos
revisionistas chineses e seus copiadores?! Como se explica isso?! Desconfio que
só muita dor, muita decepção oriunda da prática, da percepção da prática em
total contradição com a teoria, da percepção da teoria originando graves
distorções como suicídios e, talvez, suspeito, ainda mais graves, como
homicídios, enfim, perdas de vidas sem nenhum outro efeito além do aumento das
dores, das decepções, dos ressentimentos, dos niilismos, dos ódios, dos vales
de lágrimas, da paz dos cemitérios.
No “Manifesto do Partido Comunista” existe a defesa da
teoria da fração comunista do proletariado como resultante da prática da luta
de classes do movimento real do proletariado que se desenvolve de forma visível,
a olho nu, sem seguir ideias ou princípios inventados ou descobertos por esse
ou aquele reformador do mundo. Mas, também aí, existe a defesa da passagem da
fração burguesa dos ideólogos, portadora de uma compreensão do movimento
histórico em seu conjunto, para o proletariado, trazendo, para dentro dele, essa
compreensão do movimento histórico em seu conjunto e vindo a ser parte integrante
da fração comunista na composição e organização do proletariado em classe e em
partido político.
Bernstein defendeu a sua teoria como resultante da
prática da luta de classes do proletariado se desenvolvendo como movimento real
visível a olho nu. Kautsky defendeu a sua teoria como resultante da ciência
socialista que a fração burguesa dos ideólogos traz e é assimilada pelo
movimento do proletariado na sua organização em classe e em partido político.
Esses dois aspectos presentes no Manifesto foram
desenvolvidos como aspectos contrários um ao outro na socialdemocracia alemã e
também na socialdemocracia russa. Como luta de duas tendências que, na
Alemanha, mantiveram sua composição e, na Rússia, romperam na constituição de
dois partidos opostos. Porém, na Alemanha, existiu uma ruptura que foi levada
adiante por, pelo menos, uma figura teórica, Rosa Luxemburgo, que, mantendo a
unidade dos dois aspectos, era de uma tendência crítica e contrária tanto
àqueles bernsteinianos que defendiam que o movimento é tudo quanto àqueles kautskianos
que defendiam que o objetivo final socialista é tudo.
Num outro texto, “Introdução à Crítica da Filosofia do
Direito de Hegel”, o movimento real do proletariado é descrito como a paixão do
ser e a fração comunista bem como a fração burguesa dos filósofos (ideólogos)
são descritas como o cérebro dessa paixão, quer dizer, como a consciência dessa
paixão do ser. O esquema é o mesmo e nele a fração comunista se destaca no
movimento real como a mais decidida na prática e teoricamente como aquela que
porta a compreensão do conjunto do movimento histórico, quer dizer, a
compreensão mais clara do resultado e finalidade do movimento no seu conjunto
histórico.
Os trabalhadores são a paixão do ser proletário e a
fração dos ideólogos e/ou dos comunistas são o cérebro ou a consciência da
paixão do ser proletário. O trabalho e/ou a condição de trabalhador manual é a
paixão do ser proletário, já a condição de trabalhador intelectual é o cérebro
ou a consciência dessa paixão do ser proletário. Os trabalhadores manuais são
trabalhadores manuais por paixão (pathos), por sofrimento, por determinação do
seu ser, logo, são revolucionários por determinação apaixonada do seu ser, por
determinação sofrida ou patológica da existência de seu ser, por determinação revolucionária
apaixonada e/ou objetiva de seu ser. Eles são seres revolucionários objetivos
por natureza ou por paixão. Os trabalhadores intelectuais por serem o cérebro
ou a consciência da paixão do ser objetivo são revolucionários por determinação
subjetiva de seu ser, por determinação elaborada pela essência subjetiva do seu
ser, por determinação revolucionária consciente e/ou profissional da paixão de
seu ser. Eles são seres revolucionários subjetivos por arte/artifício ou por
concepção/consciência. Os trabalhadores são o movimento real do ser em si e a
fração dos ideólogos e/ou dos comunistas é a compreensão ideal da sua
consciência de si/é a compreensão ideal da consciência de si desse movimento
real do ser em si.
Esses dois aspectos aparecem descritos no Manifesto
como duas qualidades distintivas da fração comunista dos partidos dos
trabalhadores, de modo que, na prática, eles são os mais decididos e combativos
e, na teoria, possuem uma compreensão de conjunto dos diferentes momentos do
movimento histórico, desde o seu princípio até à realização efetiva da sua
finalidade.
Parece que luxemburguistas, trotskistas e gramscianos
buscaram manter a unidade reformista e revolucionária desses dois aspectos para
se contrapor como alternativa reformista revolucionária à socialdemocracia
alemã reformista revisionista que acabou igualmente mantendo a unidade
reformista e revisionista desses dois aspectos.
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A primeira unidade das duas correntes é o movimento
real objetivo reformista. A cisão aparece na passagem do momento reformista do
movimento para o momento seguinte que pode ser revolucionário ou pode ser
revisionista. A primeira manifestação do revisionismo é negar a passagem para
um segundo momento e, desse modo, só existe o movimento real objetivo
reformista conquistando e fazendo uso dos direitos humanos, civis e políticos
da sociedade capitalista vigente. Essa primeira manifestação do revisionismo
pode ser chamada de manifestação da tendência reformista. A segunda
manifestação do revisionismo é mais sofisticada, porque, na verdade, ela também
é uma negação da passagem do movimento para um segundo momento, mas ela não faz
a negação do segundo momento, quer dizer, das ideias, propostas e programas
socialistas como faz a primeira manifestação do revisionismo. Ao contrário, a
segunda manifestação do revisionismo, aparece afirmando o momento seguinte, o
segundo momento, o momento revolucionário do movimento como o da compreensão
ideal da consciência de si, a qual, por sua vez, é atividade exclusiva da
fração dos ideólogos e, desse modo, se torna compreensão ideal da consciência
para o movimento, consciência para si ou para o movimento, o qual, por sua vez,
permanece carente de sua consciência de si ou permanece movimento real carente
de sua própria compreensão ideal do movimento histórico no seu conjunto. Essa
segunda manifestação do revisionismo afirma o segundo momento, o da compreensão
ideal da consciência de si como atividade profissional e/ou exclusiva da fração
dos ideólogos e é por aí mesmo que ela afasta e nega a capacidade dos
trabalhadores de por si mesmos desenvolverem a compreensão ideal do movimento
histórico no seu conjunto, quer dizer, desenvolverem a capacidade de conquistar
a sua própria consciência de si, a sua própria maioridade. Noutras palavras, as
relações dessa compreensão ideal da consciência da fração ideológica com o
movimento real do proletariado passam a ser relações entre dirigentes e
dirigidos, entre a consciência e o corpo.
Aí nesse segundo momento do movimento, o
revolucionário ou o revisionista, a contradição com os revisionistas que negam
o segundo momento e só admitem o primeiro momento desenvolveu três posições
diferenciadas.
A primeira e mais natural pode ser chamada de
tendência do reformismo revolucionário propriamente dito. Ou seja, é natural
que o desenvolvimento do movimento real reformista caminhe para a busca e
encontro do momento da compreensão ideal do movimento histórico no seu
conjunto, na sua consciência de si, logo, que se eduque com a fração comunista
e/ou dos ideólogos de modo a desenvolver associada com eles a su própria
consciência de si.
A segunda e mais artificial e já revisionista desde o
seu início como contraposição à revisionista que não admite o segundo momento,
o momento da compreensão ideal do movimento histórico no seu conjunto, a
consciência do movimento, melhor, para o movimento, ou seja, aquela na qual o
movimento precisa ser educado de modo a desenvolver uma consciência para si,
quer dizer, a tutela de uma consciência para si. Essa segunda pode ser chamada
de tendência do reformismo revisionista.
A terceira e mais estratégica, previdente e
revolucionária é aquela que faz da contradição entre os dois momentos uma
contradição entre a fração comunista dos revolucionários versus a fração
burguesa dos ideólogos reformistas, é aquela que se organiza e desenvolve como
fração educadora dos educadores, de modo que o espetáculo da luta entre
tendências das formas de consciência do conjunto do movimento histórico
possibilita aos participantes do movimento real ver a olho nu aquela luta pela
compreensão ideal do conjunto do movimento de modo a apreender por si mesmo a
desenvolver a sua própria luta pela compreensão ideal do conjunto do movimento
histórico. [É chamada de tendência dos revolucionários profissionais ou do
revolucionarismo profissional]. O que sentem e percebem ocorrer é que enquanto
essas frações, dos comunistas e dos ideólogos, lutam entre si para educar uma à
outra, eles próprios trabalhadores adquirem tempo para refletir tanto sobre as
lutas dessas frações quanto para desenvolver suas próprias atividades de
organização da compreensão consciente do movimento histórico, ou seja, enquanto
a fração comunista revolucionária luta profissionalmente contra ou para educar
a fração ideológica revisionista, o movimento real do ser trabalhador adquire
autonomia e/ou tempo para desenvolver por si mesmo a sua iniciativa e
consciência de si sob a forma de organização dos sovietes. O resultado é que a
fração comunista revolucionária profissional acaba por ver diante de si e
apoiar decididamente o movimento real revolucionários dos trabalhadores com suas
criações próprias e independentes que são os sovietes.
O problema é que a contradição, tal qual o tempo, não
para. O revisionismo revolucionário é uma consequência do revolucionarismo
profissional quando ele deixa de ser um escudo ou proteção para o
desenvolvimento dos revolucionários apaixonados ou amadores que criaram os
sovietes, por exemplo, e passa a ser a redoma para o desenvolvimento da
burocracia profissional do revisionismo revolucionário.
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E o que fazia uma tendência ser revolucionária e a
outra tendência ser reformista? Parece que aí voltamos ao ponto de partida, das
diferenças entre real e ideal, entre ser e consciência, entre movimento e
compreensão. Aqui pode servir a tese sobre a mudança das circunstâncias e da
educação. São os humanos que mudam as circunstâncias e o educador precisa ser
educado. Ou seja, o movimento real dos trabalhadores muda as circunstâncias
trabalhando sobre elas, mas para mudar a educação, que é um trabalho sobre a
compreensão ideal dos próprios trabalhadores, é preciso um educador, alguém que
trabalha elaborando a compreensão ideal da consciência, logo, alguém que
precisa ser educado. A diferença dos humanos que mudam as circunstâncias dos
humanos que mudam a educação é que os primeiros mudam a objetividade e os
segundos mudam a subjetividade.
Podemos perceber que a atividade de mudança das
circunstâncias é sobre a objetividade imediata e, por isso mesmo, é consciência
imediata da objetividade. E também podemos perceber que a atividade de mudança
da educação é sobre a subjetividade imediata e, por isso mesmo, é consciência
imediata da subjetividade. Consciência imediata da objetividade é consciência
que gira em torno dos objetos existentes fora de si, é consciência fora de si,
consciência do outro, consciência do não-eu. Consciência imediata da
subjetividade é consciência que gira em torno do sujeito presente dentro de si,
é consciência dentro de si, consciência de si, consciência do eu.
Essa atividade de mudança das circunstâncias gira em
torno da mudança das formas dos objetos e pode ser chamada de atividade de
reforma das circunstâncias, de reforma dos objetos por mudar as formas dos
objetos. Já a atividade de mudança da educação gira em torno da mudança do
conteúdo do sujeito e esse conteúdo do sujeito são os conceitos e as mudanças
dos conceitos são mudanças da evolução ou do desenvolvimento dos conceitos e
podem ser chamadas de atividade(s) de revolução(ões) da educação, de revolução
dos sujeitos por mudar os conceitos dos sujeitos.
A atividade de mudança das circunstâncias também é uma
atividade que usa a educação, que usa os conceitos, que usa os instrumentos de trabalho
ou os meios de produção, os quais são os conceitos objetivados.
[Ver “Notas Autobiográficas”, de Albert Einstein, Nova Fronteira:
“O que, exatamente, é o pensamento? Quando, na percepção das
impressões sensoriais, emergem figuras da memória, isto ainda não é “pensar”. E
quando esses quadros formam seqüências, cada membro criando o outro, isto
também ainda não é “pensar”. Porém, quando uma cena figura aparece em várias
seqüências, nesse caso — precisamente devido a essa recorrência — torna-se um
elemento de organização para tais seqüências, no sentido de unir seqüências que
por si mesmas não se relacionam entre si. Esse elemento vem a ser um
instrumento,
um conceito. Creio que a transição da livre associação ou “sonho” para o
pensamento caracteriza-se pelo papel mais ou menos importante representado pelo
conceito, Não é de modo algum necessário que o conceito esteja ligado a um
signo que possa ser reconhecido e reproduzido pelos sentidos (palavra), mas,
quando isto se dá, o pensamento torna-se, por esse meio, capaz de ser
comunicado."
– Extraído de https://alberteinsteinemc2.blogspot.com/search/label/NOTAS%20AUTOBIOGRAFICAS,
destaque em negrito e itálico nosso].
Esses conceitos objetivados são movimentados usando ou
empregando a atividade humana de reforma das circunstâncias, da objetividade,
ou seja, usando humanos que se restringem a exercer uma atividade sobre as
circunstâncias, porque, os conceitos ou os instrumentos, que são próprios da
educação, já se encontram como objetos fora deles com os quais eles se
relacionam como participantes da movimentação dessa educação, desses
instrumentos de trabalho ou desses meios de produção, dessas consciências fora
de si.
A atividade de mudança da educação também é uma
atividade que usa as circunstâncias, que usa os objetos, que usa as atividades
ou as forças humanas de trabalho, as quais são objetividades voluntariosas.
Essas objetividades voluntariosas são usadas ou empregadas para movimentar a
atividade sistêmica de revolução da educação, da subjetividade, ou seja, são
usadas para verificar a capacidade dos sistemas educacionais de revolucionar
essas objetividades voluntariosas por meio da apropriação das mesmas para
produzir e aperfeiçoar conceitos objetivados e, ao mesmo tempo, revolucionando
essas objetividades voluntariosas para elas recepcionarem suas subjetividades
conceituais ou seus conceitos subjetivos de modo a dirigir sistematicamente a
revolução na educação, na subjetividade, na conceitualidade rumo à mais
completa realização efetiva da liberdade e/ou autonomia da subjetividade
voluntária. Afinal, a atividade de mudança da educação, de educação do educador
e/ou de educação ou mudança da própria subjetividade, logo, de si mesmo, não
pode ter outra finalidade do que a mais completa autononomia ou liberdade da
subjetividade voluntária, do que a mais completa liberdade e autonomia da
consciência de si, do que a mais completa realização efetiva da liberdade e/ou autonomia
super-humana. Por isso, os físicos da época da automação especulam a respeito
do momento do desenvolvimento da revolução conceitual do automatismo que venha
a resultar na realização efetiva do que chamam de singularidade, inteligência efetivamente
artificial e/ou consciência de si efetivamente maquinal e que Marx, na sua tese
de doutorado, chamava de orientação do pensamento natrual ou físico para a
realização efetiva da ciência natural ou física da consciência humana de si.
Esses conceitos objetivados, esses instrumentos de
trabalho ou meios de produção, por sua vez, foram elaborados e desenvolvidos
pela educação que para montá-los como sistema funcional recorreu aos trabalhadores
como quem recorre à atividade que muda as circunstâncias precisamente para
mudar os conceitos objetivados isolados para um conjunto ou vários conjuntos de
conceitos objetivados articulados num sistema funcional ou diversos sistemas
funcionais que vem a ser um instrumento de trabalho ou vários meios de produção,
os quais, para funcionar precisam novamente recorrer à atividade que muda as
circunstâncias. E a principal tendência dessa educação mudadora dos conceitos
objetivados é aumentar cada vez mais a produção desses conceitos objetivados,
recorrendo cada vez menos à participação da atividade que muda as
circunstâncias, de modo que o funcionamento dos seus sistemas de conceitos
objetivados se tornem cada vez mais autônomos ou automáticos e sem precisar da
participação da atividade que muda as circunstâncias, ou seja, sem precisar dos
trabalhadores.
Esses conceitos objetivados, que se movimentam cada
vez mais por si mesmos na hora de se objetivarem como meios de produção e na
hora de objetivarem os objetos de suas produções, se conectam cada vez mais à
atividade que muda a educação, que muda a subjetividade, que muda e depende da
mudança do próprio sujeito, que depende da mudança do próprio desenvolvimento
subjetivo do conceito, enfim, porque precisa que a sua educação seja educada,
precisa que o seu educador seja educado, noutras palavras precisa do
desenvolvimento da consciência de si. Como esses instrumentos de trabalho ou
meios de produção automáticos são uma produção humana de conceitos objetivados usados
na atividade humana de mudar as circunstâncias eles permanecem conectados ao
uso ou emprego pelos humanos. Porém, agora eles não são mais conectados apenas
a essa atividade imediata de mudar as circunstâncias objetivas e sim
principalmente à atividade imediata de mudar a educação subjetiva, ou seja, se
conectam à atividade imediata de mudança das consciências de si.
Essa atividade de mudança da educação subjetiva surgiu
e se desenvolveu primeiro através do jornal impresso, cujas diversas cópias se conectavam
à atividade imediata de mudança das consciências de si. O que levou, aqueles
que querem uma mudança revolucionária da educação e/ou dos conceitos subjetivos,
a considerar não só que a educação e a consciência daqueles que fazem mudança
reformista das circunstâncias pode vir e ser realizada efetivamente pela
assimilação dos conceitos do jornal impressso e, mais ainda, que esse jornal
impresso como meio de produção de educação, de consciência, de conceitos
subjetivos pode funcionar como um organizador coletivo do educador que precisa
ser educado, da mudança da educação que é mudança da consciência de si.
Essa concepção do jornal impresso, como meio de
produção central/estado-maior da educação ou consciência de si dos educadores e
dos trabalhadores, se desenvolveu rumo ao Estado como poder do meio de produção
central da educação ou consciência de si dos educadores e dos trabalhadores. E
foi uma concepção muito eficaz e em sintonia com a mudança das circunstâncias e
da educação durante o período de baixo desenvolvimento de outros meios de
produção de educação e/ou de consciência de si. O rádio tem a sua própria
história e intervenção na história. O mesmo se pode dizer da televisão, do
telefone e dos computadores e dos celulares. Esses últimos, os computadores e
os celulares, parecem ter surgido como conceitos objetivados da passagem da
produção que emprega trabalhadores ou mudadores das circunstâncias para a
produção que usa consciências de si ou mudadores da educação, tanto para
realizar quanto para desenvolver o seu sistema ou modo de produção.
Vestígios e restos de elaborações descontinuadas e de
elaborações abandonadas:
que gira em torno dos objetos fora de si e é
consciência do outro na produção industrial se encontra conectada aos objetos
fora de si e à consciência de através de um meio de produção fora de si
retorna a diferença entre real e ideal, entre
movimento real do ser e consciência ideológica do ser ou, de forma mais simples
e direta, a diferença entre ser e consciência ou, de forma mais clara, entre o
ser objetivo do sujeito e sua consciência/seu ser subjetivo.
A diferença, de um lado, entre o ser que, girando em
torno de si, sai da condição de ser em si até a alcançar a condição de
consciência de si, e, de outro lado, entre o ser que, girando em torno do fora
de si, sai da condição de ser objetivo fora de si até alcançar a condição de
consciência objetiva fora de si.
Noutros termos, num dos pólos está o ser real e no
outro está o ser ideal. Sendo o problema o percorrer de um extremo ao outro, do
corpo da paixão ao cérebro da paixão, do animal da paixão ao super-homem da
paixão
Desse modo a assunção do socialismo como parte
integrante do movimento e/ou como fase revolucionária/“momento decisivo” do
desenvolvimento prático do movimento real do proletariado parece ser assumida
por ambas as tendências.
Então, o que diferencia as duas tendências? Tudo
indica que
Movimento real se refere à prática do ser e a fração
dos ideólogos à teoria da consciência. Não há como contornar nem negar que é o
ser trabalhador que se move e que é a fração burguesa dos ideólogos, que muda
para a condição de fração comunista do proletariado, que vem de fora do
movimento para ser assimilada por esse movimento.
São as relações que cada uma delas desenvolve com cada
um dos dois aspectos, o movimento real do ser trabalhador e o movimento real da
consciência ideológica trabalhadora considerados objetivamente são coisas que
observamos fora de nós, então o movimento real objetivo do ser trabalhador que
observamos são as conquistas das liberdades democráticas e as lutas por essas
liberdades democráticas, o mesmo se pode dizer do movimento real objetivo da
consciência trabalhadora.
Porém, essas duas tendências opostas que mantiveram a
unidade do movimento com o objetivo final se diferenciavam como revolucionária
e reformista-revisionista. Kautsky recua do objetivo final socialista como
conquista revolucionária da fração ideológica do proletariado e adere ao
movimento real à sua conquista reformista da fração prática do proletariado
como resultante do movimento real que se desenvolve de forma visível a olho nu.
preestabelecidas nem reformadores sociais e também
existe a defesa da assimilação da fração burguesa dos ideólogos
e modificar
essas suas objetividades voluntariosas de acordo com seus conceitos
subjetivos, tenham essas objetividades voluntariosas adquirido ou não a
subjetividade voluntária, quer dizer, tenham elas se tornado ou permanecido parte
objetiva dos escravos voluntários ou parte subjetiva dos libertos voluntários.