segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Brizolismo é a fonte de duas ditaduras?! A ditatorial e a democrática?!





Fernando China
3 h
Lula em razão décadas decisões elegeu dois filhotes da ditadura. O 1o em 1989, Collor. O 2o em 2018, Bolsonaro. O povo brasileiro, majoritariamente não bolsonarista, espera que Lula reavaliei o que deu errado em suas decisões para que acertar em 2022. Um bom início nesta perspectiva é lembrar o que nos disse Pablo Neruda: “Somos livres para tomar decisões, mas prisioneiros de suas consequências”.



Comentários

Vargas usava lenço branco e Brizola usava lenço vermelho. O pai de Brizola usava lenço vermelho e foi morto por quem usava lenço branco. Chimangos e Maragatos.

Brizola, às vésperas de 64, defendia as reformas feitas na marra pelo presidente e pelos movimentos organizados contra o parlamento.

A POLOP e a esquerda viam aí, nas reformas na marra, a revolução e o governo dos trabalhadores ou a ditadura do proletariado. A direita via aí a quebra da aliança mantida desde 30, entre o leite de Minas Gerais e a carne do Rio Grande do Sul que, modernizada, se plasmou como aliança entre o PSD e o PTB, aliança que, Vargas, antes do tiro no peito, para garantir sua continuidade, aceitou e acordou a alternância na presidência, ora com candidatura à presidência do PSD e à vice-presidência do PTB, ora ao contrário. [A candidatura de JK tinha Jango como vice. A cabeça de chapa com o PSD se repetiu na sucessão de JK.] A candidatura e eleição de Jânio enfrentou essa aliança PSD-PTB e quebrou os planos de manutenção da aliança ao conseguir colocar Jânio na presidência e Jango na vice-presidência.

A renúncia de Jânio conduz Jango à luta contra os golpistas para poder exercer a presidência. É aí que Brizola na Campanha da Legalidade garante o retorno de Jango e o fim do golpe dos militares sob o presidencialismo, ao mesmo tempo que Tancredo garante o retorno de Jango e o fim do golpe dos militares sob o parlamentarismo.

Jango conviveu com Vargas e aprendeu que a aliança PTB-PSD era a garantia da continuidade da governabilidade e das reformas, mas, evidentemente, também reconhecia que a assunção do parlamentarismo era dar um passo atrás e que bom mesmo era voltar ao presidencialismo, tão bela e belicamente defendido por seu cunhado. Porém, por mais simpático e desejado que fosse, o retorno via presidencialismo conduzia à quebra da aliança com o PSD, que era a garantia de tudo que vinha sendo feito desde a revolução de 30.

Brizola manteve firme sua posição de ir até à ruptura com o PSD na luta pelo presidencialismo e se sentiu decepcionado com seu cunhado Jango por escolher o parlamentarismo. Lutou com ele pelo retorno do presidencialismo, mas também contra ele e para dobrá-lo na aceitação da quebra da aliança com o PSD para fazer as reformas na marra.

Deu no que deu e a direita festejou e golpeou em nome da democracia.

Dilma Rousseff militou em organizações armadas inspiradas na POLOP, participou da fundação do PDT com Brizola, foi Secretária de Energia do RS em governo do PDT e, mais tarde, se filiou ao PT, foi chamada para o Ministério da Minas e Energia, depois assumiu a Casa Civil, finalmente, foi a sucessora de Lula. E, no final de seu primeiro governo, em 23 de maio de 2014 lançou o decreto 8.243 que "DECRETA: Art. 1º Fica instituída a Política Nacional de Participação Social - PNPS, com o objetivo de fortalecer e articular os mecanismos e as instâncias democráticas de diálogo e a atuação conjunta entre a administração pública federal e a sociedade civil." (http://www.planalto.gov.br/.../_at.../2014/decreto/d8243.htm), quer dizer, retoma a mesma proposta de Brizola de relações diretas da presidência com os movimentos sociais sem o parlamento.

Em maio parecia ter sido assimilado, apesar das críticas, segundo se vê nessa matéria de O Globo (https://oglobo.globo.com/.../decreto-do-governo-federal...). Mas é na vitória da Dilma, que a declaração, de que é a presidenta do diálogo, une todas as forças contra o decreto e contra Dilma, como se vê nessa matéria da Gazeta do Povo (https://www.gazetadopovo.com.br/.../camara-derruba.../) sobre a derrubada do decreto pela câmara dos deputados.

O PMDB comandou a revolta através de Henrique Eduardo Alves. Ora, o PMDB é o principal aliado dos governos petistas e o vice de Dilma é o Temer do PMDB. O efeito da posição brizolista de Dilma foi o mesmo da época do Jango, quebra da aliança que garantia a governabilidade e empurrão dos apoiadores do governo para a extrema-direita.

Então, a discussão recente sobre o erro do excesso de diálogo e o acerto do momento de partir para a ruptura esquece de esclarecer que Dilma queria o diálogo com os movimentos sociais e não com o parlamento, portanto, caminhava rumo ao acerto do momento de ruptura, certo? (https://brasil.elpais.com/.../1568239079_683810.html...).

Mas quem recebeu apoio para a política de ruptura? Foi a extrema-direita que sempre defendeu a ruptura com a esquerda e com a "democracia ou tolerância" com a esquerda.

Um outro problema é saber se dialogar com direita é o mesmo que entrar na prática da corrupção ou se o diálogo com a direita pode ser feito sem a prática da corrupção.

Dialogar excessivamente com todas as forças políticas, em especial, com a direita parlamentar etc. e praticar a ruptura com a corrupção parece ser o caminho mais correto, até porque, estamos vendo, o atual caminho, da ruptura de extrema-direita, parece corromper todos os valores e valorizar a liberdade sem limites para os seus, que podem tudo e estão acima das leis vigentes, de modo que, para eles, não existe nepotismo nem qualquer outro crime e para os outros, mesmo que cumprindo a lei (por exemplo, caso do fiscal demitido, do cientista do INPE etc.), são atribuídos todos e os mais perversos crimes.



sábado, 24 de agosto de 2019

NENHUM TEXTO FINAL. SÓ RASCUNHOS: QUE FAZER?!




Li “Janaína, Freixo e o Copacabana Palace” e, mesmo sem ter visto o programa “Quebrando o Tabu” com Janaína e Freixo, enviei o link de acesso ao texto para um amigo com quem venho tentando debater a respeito do socialismo.

https://espacoacademico.wordpress.com/2019/08/19/janaina-freixo-e-o-copacabana-palace/


Tentativa infrutífera. Mas essa improdutividade não deve ser atribuída a ele e sim à atividade da militância política que se declara socialista e está constantemente imersa na luta política.


Por exemplo, meu amigo enxerga e critica as semelhanças de relações políticas econômicas entre o capitalismo estatal chinês e o lulismo, mas reivindica e assume o revisionismo como sua posição política atual. Critica a burocracia stalinista e chega a parecer trotskista, melhor, como militou em grupo trotskista ele é herdeiro dessa crítica à burocracia stalinista, típica dos “estados operários degenerados”. Mas ele também é herdeiro de outra crítica a essa burocracia stalinista e que é a dos gramscianos. E assume posição crítica clara contra a ditadura do proletariado de Marx e contra a vanguarda teorizada em o “Que Fazer?”. Ao mesmo tempo, considera os movimentos de Mulheres, Negros e LGBTQ como próprios da pós-modernidade, mas condenados à insignificância se não se articulam “com o novo proletariado, oriundo da desindustrialização, que é o de Serviços: telemarketing, supermercados etc.” para efetivar o “novo Bloco Histórico”.


Aparentemente é o revisionismo atribuído a Eduard Bernstein aquele revisionismo que mais se assemelha com essa configuração feita pelo meu amigo. Mas, ao mesmo tempo, ele se quer crítico dos revisionistas chineses e dos lulistas que considera seguidores desse revisionismo chinês. Pedi explicações sobre suas declarações, mas ele nunca as dá. Penso que, talvez, exista muita dor presente num militante gramsciano que se tornou trotskista e, em seguida, saindo do seu grupo trotskista se aproximou de uma posição que se declarava partidária do “reformismo revolucionário” e pretendia associar Rosa Luxemburgo, Leon Trotsky e Antonio Gramsci na sua teoria e prática militantes. É um herdeiro dessas correntes militantes revolucionárias que se assume revisionista e é crítico dos revisionistas chineses e seus copiadores?! Como se explica isso?! Desconfio que só muita dor, muita decepção oriunda da prática, da percepção da prática em total contradição com a teoria, da percepção da teoria originando graves distorções como suicídios e, talvez, suspeito, ainda mais graves, como homicídios, enfim, perdas de vidas sem nenhum outro efeito além do aumento das dores, das decepções, dos ressentimentos, dos niilismos, dos ódios, dos vales de lágrimas, da paz dos cemitérios.


No “Manifesto do Partido Comunista” existe a defesa da teoria da fração comunista do proletariado como resultante da prática da luta de classes do movimento real do proletariado que se desenvolve de forma visível, a olho nu, sem seguir ideias ou princípios inventados ou descobertos por esse ou aquele reformador do mundo. Mas, também aí, existe a defesa da passagem da fração burguesa dos ideólogos, portadora de uma compreensão do movimento histórico em seu conjunto, para o proletariado, trazendo, para dentro dele, essa compreensão do movimento histórico em seu conjunto e vindo a ser parte integrante da fração comunista na composição e organização do proletariado em classe e em partido político.


Bernstein defendeu a sua teoria como resultante da prática da luta de classes do proletariado se desenvolvendo como movimento real visível a olho nu. Kautsky defendeu a sua teoria como resultante da ciência socialista que a fração burguesa dos ideólogos traz e é assimilada pelo movimento do proletariado na sua organização em classe e em partido político.


Esses dois aspectos presentes no Manifesto foram desenvolvidos como aspectos contrários um ao outro na socialdemocracia alemã e também na socialdemocracia russa. Como luta de duas tendências que, na Alemanha, mantiveram sua composição e, na Rússia, romperam na constituição de dois partidos opostos. Porém, na Alemanha, existiu uma ruptura que foi levada adiante por, pelo menos, uma figura teórica, Rosa Luxemburgo, que, mantendo a unidade dos dois aspectos, era de uma tendência crítica e contrária tanto àqueles bernsteinianos que defendiam que o movimento é tudo quanto àqueles kautskianos que defendiam que o objetivo final socialista é tudo.


Num outro texto, “Introdução à Crítica da Filosofia do Direito de Hegel”, o movimento real do proletariado é descrito como a paixão do ser e a fração comunista bem como a fração burguesa dos filósofos (ideólogos) são descritas como o cérebro dessa paixão, quer dizer, como a consciência dessa paixão do ser. O esquema é o mesmo e nele a fração comunista se destaca no movimento real como a mais decidida na prática e teoricamente como aquela que porta a compreensão do conjunto do movimento histórico, quer dizer, a compreensão mais clara do resultado e finalidade do movimento no seu conjunto histórico.


Os trabalhadores são a paixão do ser proletário e a fração dos ideólogos e/ou dos comunistas são o cérebro ou a consciência da paixão do ser proletário. O trabalho e/ou a condição de trabalhador manual é a paixão do ser proletário, já a condição de trabalhador intelectual é o cérebro ou a consciência dessa paixão do ser proletário. Os trabalhadores manuais são trabalhadores manuais por paixão (pathos), por sofrimento, por determinação do seu ser, logo, são revolucionários por determinação apaixonada do seu ser, por determinação sofrida ou patológica da existência de seu ser, por determinação revolucionária apaixonada e/ou objetiva de seu ser. Eles são seres revolucionários objetivos por natureza ou por paixão. Os trabalhadores intelectuais por serem o cérebro ou a consciência da paixão do ser objetivo são revolucionários por determinação subjetiva de seu ser, por determinação elaborada pela essência subjetiva do seu ser, por determinação revolucionária consciente e/ou profissional da paixão de seu ser. Eles são seres revolucionários subjetivos por arte/artifício ou por concepção/consciência. Os trabalhadores são o movimento real do ser em si e a fração dos ideólogos e/ou dos comunistas é a compreensão ideal da sua consciência de si/é a compreensão ideal da consciência de si desse movimento real do ser em si.


Esses dois aspectos aparecem descritos no Manifesto como duas qualidades distintivas da fração comunista dos partidos dos trabalhadores, de modo que, na prática, eles são os mais decididos e combativos e, na teoria, possuem uma compreensão de conjunto dos diferentes momentos do movimento histórico, desde o seu princípio até à realização efetiva da sua finalidade.


Parece que luxemburguistas, trotskistas e gramscianos buscaram manter a unidade reformista e revolucionária desses dois aspectos para se contrapor como alternativa reformista revolucionária à socialdemocracia alemã reformista revisionista que acabou igualmente mantendo a unidade reformista e revisionista desses dois aspectos.


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A primeira unidade das duas correntes é o movimento real objetivo reformista. A cisão aparece na passagem do momento reformista do movimento para o momento seguinte que pode ser revolucionário ou pode ser revisionista. A primeira manifestação do revisionismo é negar a passagem para um segundo momento e, desse modo, só existe o movimento real objetivo reformista conquistando e fazendo uso dos direitos humanos, civis e políticos da sociedade capitalista vigente. Essa primeira manifestação do revisionismo pode ser chamada de manifestação da tendência reformista. A segunda manifestação do revisionismo é mais sofisticada, porque, na verdade, ela também é uma negação da passagem do movimento para um segundo momento, mas ela não faz a negação do segundo momento, quer dizer, das ideias, propostas e programas socialistas como faz a primeira manifestação do revisionismo. Ao contrário, a segunda manifestação do revisionismo, aparece afirmando o momento seguinte, o segundo momento, o momento revolucionário do movimento como o da compreensão ideal da consciência de si, a qual, por sua vez, é atividade exclusiva da fração dos ideólogos e, desse modo, se torna compreensão ideal da consciência para o movimento, consciência para si ou para o movimento, o qual, por sua vez, permanece carente de sua consciência de si ou permanece movimento real carente de sua própria compreensão ideal do movimento histórico no seu conjunto. Essa segunda manifestação do revisionismo afirma o segundo momento, o da compreensão ideal da consciência de si como atividade profissional e/ou exclusiva da fração dos ideólogos e é por aí mesmo que ela afasta e nega a capacidade dos trabalhadores de por si mesmos desenvolverem a compreensão ideal do movimento histórico no seu conjunto, quer dizer, desenvolverem a capacidade de conquistar a sua própria consciência de si, a sua própria maioridade. Noutras palavras, as relações dessa compreensão ideal da consciência da fração ideológica com o movimento real do proletariado passam a ser relações entre dirigentes e dirigidos, entre a consciência e o corpo.


Aí nesse segundo momento do movimento, o revolucionário ou o revisionista, a contradição com os revisionistas que negam o segundo momento e só admitem o primeiro momento desenvolveu três posições diferenciadas.


A primeira e mais natural pode ser chamada de tendência do reformismo revolucionário propriamente dito. Ou seja, é natural que o desenvolvimento do movimento real reformista caminhe para a busca e encontro do momento da compreensão ideal do movimento histórico no seu conjunto, na sua consciência de si, logo, que se eduque com a fração comunista e/ou dos ideólogos de modo a desenvolver associada com eles a su própria consciência de si.


A segunda e mais artificial e já revisionista desde o seu início como contraposição à revisionista que não admite o segundo momento, o momento da compreensão ideal do movimento histórico no seu conjunto, a consciência do movimento, melhor, para o movimento, ou seja, aquela na qual o movimento precisa ser educado de modo a desenvolver uma consciência para si, quer dizer, a tutela de uma consciência para si. Essa segunda pode ser chamada de tendência do reformismo revisionista.


A terceira e mais estratégica, previdente e revolucionária é aquela que faz da contradição entre os dois momentos uma contradição entre a fração comunista dos revolucionários versus a fração burguesa dos ideólogos reformistas, é aquela que se organiza e desenvolve como fração educadora dos educadores, de modo que o espetáculo da luta entre tendências das formas de consciência do conjunto do movimento histórico possibilita aos participantes do movimento real ver a olho nu aquela luta pela compreensão ideal do conjunto do movimento de modo a apreender por si mesmo a desenvolver a sua própria luta pela compreensão ideal do conjunto do movimento histórico. [É chamada de tendência dos revolucionários profissionais ou do revolucionarismo profissional]. O que sentem e percebem ocorrer é que enquanto essas frações, dos comunistas e dos ideólogos, lutam entre si para educar uma à outra, eles próprios trabalhadores adquirem tempo para refletir tanto sobre as lutas dessas frações quanto para desenvolver suas próprias atividades de organização da compreensão consciente do movimento histórico, ou seja, enquanto a fração comunista revolucionária luta profissionalmente contra ou para educar a fração ideológica revisionista, o movimento real do ser trabalhador adquire autonomia e/ou tempo para desenvolver por si mesmo a sua iniciativa e consciência de si sob a forma de organização dos sovietes. O resultado é que a fração comunista revolucionária profissional acaba por ver diante de si e apoiar decididamente o movimento real revolucionários dos trabalhadores com suas criações próprias e independentes que são os sovietes.


O problema é que a contradição, tal qual o tempo, não para. O revisionismo revolucionário é uma consequência do revolucionarismo profissional quando ele deixa de ser um escudo ou proteção para o desenvolvimento dos revolucionários apaixonados ou amadores que criaram os sovietes, por exemplo, e passa a ser a redoma para o desenvolvimento da burocracia profissional do revisionismo revolucionário.


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E o que fazia uma tendência ser revolucionária e a outra tendência ser reformista? Parece que aí voltamos ao ponto de partida, das diferenças entre real e ideal, entre ser e consciência, entre movimento e compreensão. Aqui pode servir a tese sobre a mudança das circunstâncias e da educação. São os humanos que mudam as circunstâncias e o educador precisa ser educado. Ou seja, o movimento real dos trabalhadores muda as circunstâncias trabalhando sobre elas, mas para mudar a educação, que é um trabalho sobre a compreensão ideal dos próprios trabalhadores, é preciso um educador, alguém que trabalha elaborando a compreensão ideal da consciência, logo, alguém que precisa ser educado. A diferença dos humanos que mudam as circunstâncias dos humanos que mudam a educação é que os primeiros mudam a objetividade e os segundos mudam a subjetividade.


Podemos perceber que a atividade de mudança das circunstâncias é sobre a objetividade imediata e, por isso mesmo, é consciência imediata da objetividade. E também podemos perceber que a atividade de mudança da educação é sobre a subjetividade imediata e, por isso mesmo, é consciência imediata da subjetividade. Consciência imediata da objetividade é consciência que gira em torno dos objetos existentes fora de si, é consciência fora de si, consciência do outro, consciência do não-eu. Consciência imediata da subjetividade é consciência que gira em torno do sujeito presente dentro de si, é consciência dentro de si, consciência de si, consciência do eu.


Essa atividade de mudança das circunstâncias gira em torno da mudança das formas dos objetos e pode ser chamada de atividade de reforma das circunstâncias, de reforma dos objetos por mudar as formas dos objetos. Já a atividade de mudança da educação gira em torno da mudança do conteúdo do sujeito e esse conteúdo do sujeito são os conceitos e as mudanças dos conceitos são mudanças da evolução ou do desenvolvimento dos conceitos e podem ser chamadas de atividade(s) de revolução(ões) da educação, de revolução dos sujeitos por mudar os conceitos dos sujeitos.


A atividade de mudança das circunstâncias também é uma atividade que usa a educação, que usa os conceitos, que usa os instrumentos de trabalho ou os meios de produção, os quais são os conceitos objetivados.

 

 

[Ver “Notas Autobiográficas”, de Albert Einstein, Nova Fronteira:

 

 

“O que, exatamente, é o pensamento? Quando, na percepção das impressões sensoriais, emergem figuras da memória, isto ainda não é “pensar”. E quando esses quadros formam seqüências, cada membro criando o outro, isto também ainda não é “pensar”. Porém, quando uma cena figura aparece em várias seqüências, nesse caso — precisamente devido a essa recorrência — torna-se um elemento de organização para tais seqüências, no sentido de unir seqüências que por si mesmas não se relacionam entre si. Esse elemento vem a ser um instrumento, um conceito. Creio que a transição da livre associação ou “sonho” para o pensamento caracteriza-se pelo papel mais ou menos importante representado pelo conceito, Não é de modo algum necessário que o conceito esteja ligado a um signo que possa ser reconhecido e reproduzido pelos sentidos (palavra), mas, quando isto se dá, o pensamento torna-se, por esse meio, capaz de ser comunicado."


Esses conceitos objetivados são movimentados usando ou empregando a atividade humana de reforma das circunstâncias, da objetividade, ou seja, usando humanos que se restringem a exercer uma atividade sobre as circunstâncias, porque, os conceitos ou os instrumentos, que são próprios da educação, já se encontram como objetos fora deles com os quais eles se relacionam como participantes da movimentação dessa educação, desses instrumentos de trabalho ou desses meios de produção, dessas consciências fora de si.


A atividade de mudança da educação também é uma atividade que usa as circunstâncias, que usa os objetos, que usa as atividades ou as forças humanas de trabalho, as quais são objetividades voluntariosas. Essas objetividades voluntariosas são usadas ou empregadas para movimentar a atividade sistêmica de revolução da educação, da subjetividade, ou seja, são usadas para verificar a capacidade dos sistemas educacionais de revolucionar essas objetividades voluntariosas por meio da apropriação das mesmas para produzir e aperfeiçoar conceitos objetivados e, ao mesmo tempo, revolucionando essas objetividades voluntariosas para elas recepcionarem suas subjetividades conceituais ou seus conceitos subjetivos de modo a dirigir sistematicamente a revolução na educação, na subjetividade, na conceitualidade rumo à mais completa realização efetiva da liberdade e/ou autonomia da subjetividade voluntária. Afinal, a atividade de mudança da educação, de educação do educador e/ou de educação ou mudança da própria subjetividade, logo, de si mesmo, não pode ter outra finalidade do que a mais completa autononomia ou liberdade da subjetividade voluntária, do que a mais completa liberdade e autonomia da consciência de si, do que a mais completa realização efetiva da liberdade e/ou autonomia super-humana. Por isso, os físicos da época da automação especulam a respeito do momento do desenvolvimento da revolução conceitual do automatismo que venha a resultar na realização efetiva do que chamam de singularidade, inteligência efetivamente artificial e/ou consciência de si efetivamente maquinal e que Marx, na sua tese de doutorado, chamava de orientação do pensamento natrual ou físico para a realização efetiva da ciência natural ou física da consciência humana de si.


Esses conceitos objetivados, esses instrumentos de trabalho ou meios de produção, por sua vez, foram elaborados e desenvolvidos pela educação que para montá-los como sistema funcional recorreu aos trabalhadores como quem recorre à atividade que muda as circunstâncias precisamente para mudar os conceitos objetivados isolados para um conjunto ou vários conjuntos de conceitos objetivados articulados num sistema funcional ou diversos sistemas funcionais que vem a ser um instrumento de trabalho ou vários meios de produção, os quais, para funcionar precisam novamente recorrer à atividade que muda as circunstâncias. E a principal tendência dessa educação mudadora dos conceitos objetivados é aumentar cada vez mais a produção desses conceitos objetivados, recorrendo cada vez menos à participação da atividade que muda as circunstâncias, de modo que o funcionamento dos seus sistemas de conceitos objetivados se tornem cada vez mais autônomos ou automáticos e sem precisar da participação da atividade que muda as circunstâncias, ou seja, sem precisar dos trabalhadores.


Esses conceitos objetivados, que se movimentam cada vez mais por si mesmos na hora de se objetivarem como meios de produção e na hora de objetivarem os objetos de suas produções, se conectam cada vez mais à atividade que muda a educação, que muda a subjetividade, que muda e depende da mudança do próprio sujeito, que depende da mudança do próprio desenvolvimento subjetivo do conceito, enfim, porque precisa que a sua educação seja educada, precisa que o seu educador seja educado, noutras palavras precisa do desenvolvimento da consciência de si. Como esses instrumentos de trabalho ou meios de produção automáticos são uma produção humana de conceitos objetivados usados na atividade humana de mudar as circunstâncias eles permanecem conectados ao uso ou emprego pelos humanos. Porém, agora eles não são mais conectados apenas a essa atividade imediata de mudar as circunstâncias objetivas e sim principalmente à atividade imediata de mudar a educação subjetiva, ou seja, se conectam à atividade imediata de mudança das consciências de si.


Essa atividade de mudança da educação subjetiva surgiu e se desenvolveu primeiro através do jornal impresso, cujas diversas cópias se conectavam à atividade imediata de mudança das consciências de si. O que levou, aqueles que querem uma mudança revolucionária da educação e/ou dos conceitos subjetivos, a considerar não só que a educação e a consciência daqueles que fazem mudança reformista das circunstâncias pode vir e ser realizada efetivamente pela assimilação dos conceitos do jornal impressso e, mais ainda, que esse jornal impresso como meio de produção de educação, de consciência, de conceitos subjetivos pode funcionar como um organizador coletivo do educador que precisa ser educado, da mudança da educação que é mudança da consciência de si.


Essa concepção do jornal impresso, como meio de produção central/estado-maior da educação ou consciência de si dos educadores e dos trabalhadores, se desenvolveu rumo ao Estado como poder do meio de produção central da educação ou consciência de si dos educadores e dos trabalhadores. E foi uma concepção muito eficaz e em sintonia com a mudança das circunstâncias e da educação durante o período de baixo desenvolvimento de outros meios de produção de educação e/ou de consciência de si. O rádio tem a sua própria história e intervenção na história. O mesmo se pode dizer da televisão, do telefone e dos computadores e dos celulares. Esses últimos, os computadores e os celulares, parecem ter surgido como conceitos objetivados da passagem da produção que emprega trabalhadores ou mudadores das circunstâncias para a produção que usa consciências de si ou mudadores da educação, tanto para realizar quanto para desenvolver o seu sistema ou modo de produção.





Vestígios e restos de elaborações descontinuadas e de elaborações abandonadas:


que gira em torno dos objetos fora de si e é consciência do outro na produção industrial se encontra conectada aos objetos fora de si e à consciência de através de um meio de produção fora de si


retorna a diferença entre real e ideal, entre movimento real do ser e consciência ideológica do ser ou, de forma mais simples e direta, a diferença entre ser e consciência ou, de forma mais clara, entre o ser objetivo do sujeito e sua consciência/seu ser subjetivo.


A diferença, de um lado, entre o ser que, girando em torno de si, sai da condição de ser em si até a alcançar a condição de consciência de si, e, de outro lado, entre o ser que, girando em torno do fora de si, sai da condição de ser objetivo fora de si até alcançar a condição de consciência objetiva fora de si.


Noutros termos, num dos pólos está o ser real e no outro está o ser ideal. Sendo o problema o percorrer de um extremo ao outro, do corpo da paixão ao cérebro da paixão, do animal da paixão ao super-homem da paixão


Desse modo a assunção do socialismo como parte integrante do movimento e/ou como fase revolucionária/“momento decisivo” do desenvolvimento prático do movimento real do proletariado parece ser assumida por ambas as tendências.


Então, o que diferencia as duas tendências? Tudo indica que


Movimento real se refere à prática do ser e a fração dos ideólogos à teoria da consciência. Não há como contornar nem negar que é o ser trabalhador que se move e que é a fração burguesa dos ideólogos, que muda para a condição de fração comunista do proletariado, que vem de fora do movimento para ser assimilada por esse movimento.


São as relações que cada uma delas desenvolve com cada um dos dois aspectos, o movimento real do ser trabalhador e o movimento real da consciência ideológica trabalhadora considerados objetivamente são coisas que observamos fora de nós, então o movimento real objetivo do ser trabalhador que observamos são as conquistas das liberdades democráticas e as lutas por essas liberdades democráticas, o mesmo se pode dizer do movimento real objetivo da consciência trabalhadora.


Porém, essas duas tendências opostas que mantiveram a unidade do movimento com o objetivo final se diferenciavam como revolucionária e reformista-revisionista. Kautsky recua do objetivo final socialista como conquista revolucionária da fração ideológica do proletariado e adere ao movimento real à sua conquista reformista da fração prática do proletariado como resultante do movimento real que se desenvolve de forma visível a olho nu.


preestabelecidas nem reformadores sociais e também existe a defesa da assimilação da fração burguesa dos ideólogos



e modificar essas suas objetividades voluntariosas de acordo com seus conceitos subjetivos, tenham essas objetividades voluntariosas adquirido ou não a subjetividade voluntária, quer dizer, tenham elas se tornado ou permanecido parte objetiva dos escravos voluntários ou parte subjetiva dos libertos voluntários.